Um site muito interessante falando sobre tudo de smartphones... na verdade é um livro:
Autor: Carlos E. Morimoto
Introdução: Os Smartphones
Antigamente, quando você estava em trânsito e precisava falar com alguém, sua melhor opção era procurar algum orelhão e cruzar os dedos para que a pessoa também não estivesse fora de casa ou do escritório. Em função disso, era muito comum que as pessoas mantivessem listas dos telefones onde podiam encontrar os contatos mais importantes (em casa, no escritório, na casa da avó, etc.) e os famosos recadinhos no estilo "se ver fulano, peça para ele me ligar", eram comuns.
Hoje em dia isso pode parecer um passado muito distante, mas, na verdade, faz menos de dez anos. Duas coisas que mudaram nesse período, e acabaram catalizando todas as outras mudanças que tivemos em matéria de comunicação e relacionamento, são os telefones celulares e a Internet.
A Internet dispensa comentários, já que massificou o acesso à informação e criou todo um novo universo de ferramentas de comunicação e publicação. Antigamente, quando queria saber mais sobre um determinado assunto, você ia a uma biblioteca, ou saía perguntando aos amigos. Hoje em dia, você simplesmente abre o navegador e faz uma busca no Google.
Os celulares tiveram um início mais humilde, servindo apenas como um sistema de telefonia móvel, baseado na transmissão por rádio. O nome "celular" vem da forma como as redes das operadoras são organizadas. Ao invés de uma única e grande estação de transmissão por cidade, são usadas várias estações menores, que dividem a cidade em pequenas áreas, chamadas de células, cada uma com (tipicamente) de 10 a 30 km². O uso de múltiplas estações permite aumentar o número de linhas disponíveis (já que, devido ao limite de freqüências disponíveis, cada estação dispõe de apenas algumas centenas de canais) e, ao mesmo tempo, permite que os aparelhos trabalhem com uma potência de transmissão muito mais baixa, o que aumenta a autonomia das baterias e reduz a emissão de radiação nociva.
A primeira geração de aparelhos utilizava um sistema muito simples, com sinal analógico e um sistema de identificação que podia ser facilmente copiado e reproduzido. Isso acabou levando a um problema crônico de clonagem de aparelhos, que acelerou a adoção do CDMA e do GSM, os sistemas digitais usados atualmente. Além de resolverem o problema da clonagem, eles possibilitaram a transmissão de dados baseada em pacotes, o que abriu as portas para o acesso móvel à web. Os celulares deixaram de ser apenas telefones portáteis para começarem o longo processo evolutivo, até se tornarem smartphones.
Conforme foram evoluindo, os celulares passaram a incorporar as funções de cada vez mais dispositivos, tornando-se progressivamente mais importantes. Mesmo os aparelhos mais básicos vendidos atualmente utilizam muitas vezes processadores ARM de 300 a 400 MHz e 64 MB ou mais de memória RAM (sem contar a memória Flash, usada para armazenamento). Ou seja, possuem um poder de processamento superior ao de muitos PCs do final da década de 1990. Com tanto poder de fogo disponível, não é de se estranhar que eles tenham passado a assimilar as funções de outros dispositivos, assim como no caso dos PCs.
As primeiras vítimas foram as agendas eletrônicas (lembra delas?), que foram incorporadas aos celulares na forma das funções para armazenar telefones e contatos. As vítimas seguintes foram os PDAs e os Palms, que, ao serem incorporados, deram origem aos smartphones que usamos atualmente, que incluem agenda de compromissos, visualizadores de documentos e outras funções que invadiram até mesmo os modelos mais simples.
Além da questão da integração, os celulares dispõem de uma arma importante, que é o fato de, ao contrário dos palmtops, possuírem conexão com a web. Isso permite que eles ofereçam também navegadores, clientes de e-mail e IM e assim por diante. Os palmtops, que eram tão populares há apenas 3 ou 4 anos, literalmente desapareceram devido à falta de demanda.
As próximas a serem incorporadas foram as câmeras digitais. De uma forma geral, as câmeras integradas aos celulares deixam muito a desejar com relação à qualidade de imagem, devido, sobretudo, à baixa qualidade dos sensores e das lentes usadas, que são justamente os componentes mais caros e importantes em qualquer câmera digital. Lentes baratas, combinadas com sensores de baixa qualidade resultam em imagens lavadas, mesmo que a resolução seja boa. Isso explica por que mesmo aparelhos com câmeras de 3 ou 5 megapixels deixam a desejar em muitas áreas.
Apesar disso, as câmeras integradas atendem bem ao público que quer apenas tirar fotos casualmente e filmar vídeos curtos em baixa resolução, sem precisar carregar uma câmera separada o tempo todo. Com as redes 3G, os celulares passaram a incorporar também uma pequena câmera frontal, de baixa resolução, destinada a fazer chamadas de vídeo conferência.
Outra vítima, um pouco mais recente, é o mp3player, que também foi impiedosamente incorporado aos celulares. Nada mais lógico, já que todos os aparelhos atuais possuem os circuitos necessários para processar e reproduzir áudio e suportam cartões de memória de até 32 GB, sendo o suporte a MP3 apenas uma questão de software e de interface.
Como brinde, você ganha também a possibilidade de assistir vídeos, incluindo clipes do YouTube e outros sites de compartilhamento, que podem ser tanto salvos usando o PC, quanto acessados diretamente, usando a conexão de dados. Em um aparelho com uma tela razoavelmente grande, você pode até mesmo assistir filmes e séries inteiras.
Um bom sintoma da perda de espaço dos mp3players é o fato da Apple, que fez tanto sucesso com o iPod, encarar o complicado mercado de celulares e investir no iPhone, de forma a se manter relevante. Daqui a dois ou três anos, será raro ver alguém com um iPod ou outro mp3player stand-alone, assim como hoje em dia é raro ver alguém com um palm ou uma agenda eletrônica.
Continuando, os próximos da lista são os navegadores GPS. Hoje em dia, você pode instalar um software de localização como o Google Maps mesmo em aparelhos relativamente simples e conectá-lo via bluetooth a um receptor GPS externo, obtendo assim uma boa solução para localização e navegação. Entretanto, com a queda nos custos dos componentes, cada vez mais modelos estão vindo com receptor GPS integrado e softwares de navegação com suporte a navegação assistida (como no caso dos aparelhos da Nokia com o Nokia Maps). Isso permite que você utilize o próprio smartphone para traçar rotas e se localizar no trânsito, sem precisar de um navegador GPS dedicado:
Um aparelho de GPS pode parecer algo supérfluo à primeira vista. Entretanto, depois que você o usa por alguns dias, começa a se perguntar como pôde viver tanto tempo sem ele, sobretudo se você é um dos infelizes motoristas que abarrota as ruas de uma grande cidade, como São Paulo. Pode demorar mais um ou dois anos, mas eventualmente os celulares com GPS se tornarão tão comuns quanto os com câmera ou MP3, puxados pela redução no custo dos componentes.
Outra classe ameaçada de extinção é a dos modems USB. Eles se tornaram populares no início da implantação dos serviços de acesso via 3G devido ao plano de negócios adotado por algumas operadoras, de diferenciar os planos de acesso para PCs e notebooks dos planos de acesso a partir de smartphones (daí o uso de modems separados). Entretanto, praticamente todos os smartphones atuais podem ser usados como modem, muitas vezes com uma configuração ainda mais simples do que em um modem USB. Conforme as operadoras passem a disponibilizar planos que combinem voz e tráfego de dados ilimitados, mais e mais usuários passarão a usar o próprio smartphone como modem, em vez de carregar um telefone e um modem USB separado.
Uma outra vantagem dos smartphones é que eles podem ser usados também como modem bluetooth, eliminando a necessidade de usar fios. Isso é bastante útil para quem usa um notebook para se conectar em aeroportos, salas de espera e em outros lugares onde não exista uma mesa disponível, já que você pode se conectar à web sem tirar o smartphone do bolso.....
iPhone
Concorrendo com as duas plataformas temos o iPhone, que apesar de ser o mais novo, tem crescido em popularidade. O iPhone 3G tem obtido tanta exposição que dispensa maiores comentários. Os pontos fortes são a interface e a grande variedade de aplicativos, que são comercializados através da Apple AppStore. Embora não tenha teclado, ele oferece uma forma conveniente de entrada de texto usando um teclado onscreen, que funciona bem graças à combinação da boa sensibilidade da tela e otimizações no software.
O iPhone roda uma versão reduzida do MacOS X, portada para processadores ARM e customizada para rodar dentro das limitações de memória e processamento dos aparelhos. Naturalmente, existem muitas diferenças com relação à interface e no suporte à aplicativos, mas o Kernel e outros componentes básicos do sistema são os mesmos.
Pode parecer estranho que tenham conseguido simplificar o pesado OS X a ponto de rodar em um smartphone, mas, na verdade, isso foi relativamente simples. O OS X é um sistema Unix, derivado do BSD, que segue a mesma estrutura básica que temos no Linux, com um Kernel bastante leve e um grande conjunto de drivers, bibliotecas e aplicativos rodando sobre ele. O sistema é facilmente portável, de forma que apenas uma pequena parte do código precisa ser alterada para rodar em outras plataformas. A parte mais complicada ficou por conta da interface, que foi desenvolvida a partir do zero.
Eliminando todo o overhead da versão desktop e criando um set de aplicativos otimizados, a Apple conseguiu chegar ao iPhone OS, a versão reduzida do sistema, que ocupa cerca de 300 MB da memória flash integrada. Junto com o porte do OS X, a Apple desenvolveu uma versão reduzida do Safari, usado como navegador, integrando o conjunto resultante com as funções de player de mídia, já usadas anteriormente no iPod.
Parte das funções da interface são acionadas por gestos, um conceito antigo, mas que ainda não havia sido implementado em smartphones. Ao rolar uma página web, ou alternar entre títulos na lista de músicas, por exemplo, o scroll é feito de acordo com a velocidade em que você arrasta o dedo. Se arrastar muito rápido, você pode ir direto ao final da página.
No aplicativo de imagem, um gesto de pinça, abrindo o polegar e o indicador sobre a tela, faz com que a imagem seja ampliada. Fazendo o movimento inverso, ela é reduzida. O iPhone possui também um acelerômetro, que é bem aproveitado pelo software. O simples gesto de levar o telefone à orelha, faz com que a ligação seja atendida e girá-lo faz com que um vídeo, foto ou página web passe a ser mostrada em modo wide-screen.
Ao contrário do que a mídia faz parecer, o iPhone não trouxe muitos recursos que já não estivessem disponíveis em aparelhos de outras plataformas. A jogada da Apple, foi conseguir apresentar recursos básicos como a possibilidade de navegar, ler os e-mails, ouvir música, assistir vídeos, usar o Google Maps e instalar aplicativos adicionais no smartphone de uma forma acessível às pessoas sem muita familiaridade com tecnologia, combinado com um gigantesco esforço de marketing para divulgar o produto, da mesma forma como foi anteriormente feito com o iPod.
Existem duas versões do iPhone: o original, que oferece suporte a redes 2G e já é considerado obsoleto e o iPhone 3G, que oferece suporte a UMTS e incluiu diversas pequenas mudanças nos componentes e no software, mantendo o mesmo formato básico."
retirado do site: http://www.gdhpress.com.br/smartphones/leia/index.php?p=cap1-9
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